Era outubro de 2001. Os gramados digitais ainda não haviam visto nada parecido. Enquanto o mundo dos videogames vivia a transição entre gerações, um jogo silencioso, sem pompa e sem grandes campanhas de marketing, chegava ao PlayStation 2 e reescrevia tudo o que os fãs achavam que sabiam sobre futebol virtual. Nascia ali o Pro Evolution Soccer, ou simplesmente PES 1 — um marco, um divisor de águas, um novo padrão.
O nascimento de uma revolução
Antes de PES 1, os jogos de futebol eram dominados por duas coisas: licenças oficiais e jogabilidade arcade. O concorrente direto, FIFA, oferecia nomes reais, camisas idênticas às dos clubes e narrações empolgantes. Mas faltava alma. Faltava aquele toque refinado, aquele controle preciso, a sensação de que, ao dominar o jogo, o jogador estava controlando uma equipe de verdade, não apenas pressionando botões.
Foi nesse cenário que a Konami Computer Entertainment Tokyo (KCET), sob a liderança de Shingo “Seabass” Takatsuka, trouxe ao mundo o PES 1. No Japão, a série já era conhecida como Winning Eleven, mas a estreia no Ocidente carregava um novo nome e uma missão clara: ser o simulador de futebol mais realista da história dos videogames até então.
Quando a jogabilidade fala mais alto que o marketing
Ao ligar o console e iniciar o jogo, uma coisa ficava evidente: não era um jogo de futebol comum. O controle dos jogadores era fluido, os passes exigiam precisão, os chutes dependiam de posicionamento, força e técnica. Cada movimento em campo contava. PES 1 não te entregava gols fáceis — ele te desafiava a aprender futebol taticamente, e a recompensa vinha em forma de jogadas construídas com inteligência e habilidade.
Era o começo da era da simulação, algo raro no início dos anos 2000. O motor gráfico podia não ser o mais vistoso, mas entregava uma física de bola que impressionava. O jogador sentia o peso do passe, a curva de um chute bem dado, a frustração de uma bola desviada milimetricamente pelo zagueiro.
A mágica por trás da imperfeição
Curiosamente, PES 1 não tinha licenças oficiais. Os clubes e jogadores tinham nomes fictícios — “Man Red” no lugar de Manchester United, “Robaldo” substituindo Ronaldo. Isso, que poderia ser uma limitação, virou um diferencial. A comunidade abraçou o jogo de tal forma que começou a produzir Option Files, arquivos que corrigiam os nomes e personalizavam camisas e escudos com impressionante fidelidade. Era um jogo que convidava à customização, dando aos fãs a chance de torná-lo ainda mais autêntico.
Esse espírito de comunidade e apropriação fez de PES 1 um fenômeno nas lan houses, locadoras e fliperamas, especialmente no Brasil. Jogadores passavam horas aperfeiçoando tabelas, aprendendo como aplicar dribles manuais e, principalmente, disputando partidas acirradas onde o mais habilidoso sempre vencia.
Master League: o vício em gestão começou aqui
Outro aspecto inovador foi a introdução da Master League, um modo de jogo que permitia ao jogador assumir o comando de um time fictício e levá-lo à glória ao longo de várias temporadas. Contratar jogadores, gerenciar formações, lidar com lesões e desenvolver talentos virou parte da rotina de quem mergulhava nesse universo.
Mesmo sem aspectos gerenciais tão profundos quanto os jogos de manager da época, a Master League conquistava por oferecer algo que nenhum outro jogo fazia: uma evolução constante do seu time, construída com suor (e muitos gols sofridos).
Gatilhos mentais que PES 1 ativava como ninguém
O sucesso de PES 1 pode ser explicado não apenas pela jogabilidade, mas também pelos gatilhos mentais poderosos que ele ativava:
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Desafio: Não era fácil vencer. Isso criava um ciclo de aprendizado que fazia o jogador querer melhorar.
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Recompensa: Cada vitória era suada, cada gol parecia um troféu.
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Pertencimento: A comunidade em torno do jogo se ajudava, trocando informações e arquivos de personalização.
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Nostalgia: Ainda hoje, jogadores lembram com carinho do primeiro contato com o PES 1, e muitos consideram esse jogo o início de uma paixão de décadas.
PES 1 vs FIFA: David contra Golias
Em 2001, FIFA reinava com força. Sua maior vantagem? Licenciamento oficial. PES entrou em desvantagem, mas compensou com uma fórmula diferente: profundidade técnica e jogabilidade estratégica. Rapidamente, jogadores que buscavam mais realismo migraram para o lado da Konami.
Enquanto FIFA priorizava gráficos e acessibilidade, PES apostava em inteligência artificial mais desafiadora, movimentações realistas e um controle mais preciso da bola. Era como comparar futebol de botão com futebol de verdade. E para muitos, não havia volta.
A evolução começa com um primeiro passo
PES 1 pavimentou o caminho para títulos ainda mais celebrados, como PES 3, PES 6 e a “era dourada” do PS2. Mas nenhum deles teria existido se não fosse pelo risco que a Konami correu ao lançar um jogo sem nomes licenciados, confiando apenas em sua capacidade de entregar uma experiência futebolística genuína.
Ali nascia uma franquia que ganharia prêmios, lideraria rankings de vendas e definiria o padrão de jogabilidade em simuladores esportivos por anos.
Por que PES 1 ainda vive na memória
Mesmo após duas décadas, PES 1 continua sendo lembrado com carinho pelos fãs. Não apenas por ser o primeiro da série, mas porque trouxe uma ruptura no jeito como se jogava futebol digital. Ele ensinou ao jogador que não bastava correr e apertar quadrado — era preciso pensar, construir, trabalhar a posse de bola.
A sensação de marcar um gol em PES 1 era diferente. Era algo merecido. Cada jogada bem-sucedida era resultado de uma série de decisões inteligentes, algo raro em jogos do gênero na época.
Além disso, PES 1 criou uma cultura própria. Ele inspirou fãs a aprenderem edição de arquivos, a se organizarem em campeonatos locais, a explorarem os limites do que um jogo poderia oferecer — tudo isso com poucos recursos, mas com muito coração.
O Legado do PES 1
PES 1 não foi apenas um jogo. Foi um manifesto em forma de futebol digital. Mostrou que licenças não são tudo, que a experiência de jogo vem primeiro e que a paixão pelo futebol pode ser traduzida com fidelidade nos consoles — mesmo que os nomes estejam escritos errados.
Para muitos, PES 1 não é apenas um título de 2001. É o momento em que a magia começou. O pontapé inicial de uma era em que o futebol virtual finalmente se aproximava da realidade. E isso, para quem viveu, é inesquecível.
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